O crescimento do diabetes tem preocupado especialistas. De acordo com a revista científica The Lancet, estima-se que 1,3 bilhão de pessoas adquiram a doença até 2050, cerca de 13% da população mundial. Pouca gente sabe, porém, que o problema pode levar até a cegueira.
Na próxima terça-feira (14) é celebrado o Dia Mundial do Diabetes. Em alerta à data, o oftalmologista Alexandre Ventura, do Instituto de Olhos Fernando Ventura (IOFV), destaca que o olho é o primeiro órgão a ser afetado. Com a doença, pode ocorrer sangramentos na retina ou dentro do olho e edema na mácula, que é a área central da retina responsável pela visão de detalhes, cores e leitura. Além de retinopatia diabética, esse problema pode causar glaucoma e catarata.
“O diabetes é uma causa frequente de cegueira porque o olho é o órgão mais vascularizado do corpo humano. A doença afeta os vasos, artérias e veias. Quem tem hiperglicemia, ou seja, glicose aumentada no sangue, vai estar ‘enferrujando’ essas veias e artérias de dentro pra fora”, explica Alexandre, que também é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo.
DOENÇA SILENCIOSA – É possível que o paciente passe meses sem conhecimento de que possui diabetes. Por isso, o controle da glicemia, feito por exames de sangue é fundamental para diagnóstico rápido e tratamento eficaz da doença. Isso também funciona com os problemas de visão. O oftalmologista pode ser o primeiro a identificar problemas vasculares que podem ser sintomas da doença.
“Se o diabético fizer um tratamento periódico, com consultas e exames de rotina, é possível tratar os problemas de visão e, em certos casos, até reverter a situação. Porém, em quadros avançados e com tempo prolongado sem tratamento, a recuperação da visão pode ser irreversível”, alertou o oftalmologista.
MITOS – Não necessariamente uma pessoa que come bastante doce e carboidrato terá diabetes, pois vai depender do bom funcionamento do pâncreas. Ele é responsável por liberar a insulina, que é quem tira a glicose da veia e leva para as células. A hiperglicemia ocorre quando não há insulina suficiente.
A doença não tem cura, mas pode ser tratada. “O controle glicêmico rigoroso e hábitos saudáveis são as principais medidas a serem adotadas pelos pacientes a fim de evitar complicações. O acompanhamento oftalmológico periódico é muito importante, pois, se necessário, o paciente pode ser tratado com aplicação de laser, implantes de medicações especiais dentro do olho e cirurgia. O melhor prognóstico é a prevenção”, reforça o oftalmologista do Instituto de Olhos Fernando Ventura.